Macron associa soja do Brasil a desmatamento da Amazônia e defende plantio na Europa
O presidente da França, Emmanuel Macron, associou nesta terça-feira a soja do Brasil ao desmatamento da floresta amazônica e defendeu a produção da oleaginosa no continente europeu como alternativa.
Em publicação no Twitter, ele afirmou que “continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia”.
“Somos consistentes com as nossas ambições ecológicas, lutamos para produzir soja na Europa!”, escreveu ele na rede social.
Junto à publicação no Twitter, o presidente da França postou um vídeo no qual comentava o assunto com jornalistas.
“Quando importamos a soja que é produzida na floresta destruída do Brasil nós não estamos sendo coerentes”, disse Macron no vídeo. “Podem nos dizer: vocês são contra que se queime, que se destrua a floresta amazônica mas vocês vivem das consequências disso.”
Segundo o presidente francês, a maneira de limitar esses é efeitos é começar a agir de acordo com o posicionamento antidesmatamento que aquele país tem adotado.
“[Precisamos] não apenas falar, mas fazer. Se hoje nós precisamos da soja brasileira para viver, então que passemos a produzir soja europeia ou o equivalente para que o nosso modelo feche [seja independente]”, completou.
Os comentários de Macron vêm em momento em que o governo francês tem feito oposição à atual versão de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, citando preocupações com o desmatamento.
Em dezembro, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que a França é “o grande problema” para um avanço no acordo entre Mercosul e europeus. Ele também disse que os franceses são concorrentes do país no setor de commodities.
Em nota, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) disse lamentar que a maneira com a qual Macron buscou justificar sua decisão de subsidiar agricultores franceses tenha sido por meio de um ataque à soja brasileira.
“Como bem sabe Macron, a soja produzida no bioma Amazônia no Brasil é livre de desmatamento desde 2008, graças a Moratória da Soja, iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição de soja produzida em área desmatada no bioma, garantindo risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados internacionais”, disse a associação.
Em 2020, a França comprou 83.458 toneladas em soja do Brasil, abaixo de países europeus como a Espanha (2,8 milhões de toneladas), segundo informações do sistema Agrostat, compiladas pelo Ministério da Agricultura. A China, principal compradora, adquiriu 60,6 milhões de toneladas.