Bebê catarinense nasce com anticorpos contra Covid-19
Um bebê nascido na cidade de Tubarão, no sul do estado de Santa Catarina, possui anticorpos contra a Covid-19. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, a criança, que nasceu há cerca de 40 dias, teve a imunidade transmitida pela mãe, Talita Menegali Izidoro, uma médica de 33 anos que foi vacinada em fevereiro.
Enrico nasceu em 9 de abril e passou por um teste neutralizante para o coronavírus no dia 11 do mesmo mês. Na amostra analisada, foram encontrados 22% de anticorpos contra o Sars-Cov-2, que é o vírus que causa a Covid-19. Segundo especialistas, a imunidade é atingida com índices acima de 20%.PUBLICIDADEhttps://b728ddb2e4ab2a95e9430115aed23c13.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Os resultados dos exames de Enrico foram analisados pelo laboratório responsável pela coleta, a mãe, que é médica, e os responsáveis pelo acompanhamento pré-natal de Talita.
“O valor padrão que se coloca para considerar se é reagente ou não é acima de 20%”, disse o secretário de Saúde de Tubarão, Daisson Trevisol, à Folha de S. Paulo. “Mas não faz muita diferença, pois essa quantidade já dá a ele uma imunidade evitando pelo menos um agravamento da doença”.
Os médicos farão novas avaliações na criança aos três e aos seis meses de idade para saber se os anticorpos permanecerão em seu organismo. “Não sabemos até quando essa imunização estará presente, mas, com o aleitamento exclusivo, há possibilidade de continuar a transmitir anticorpos”, explicou a mãe.
Decisão tranquila
Por atuar na linha de frente do combate à pandemia em um posto de saúde de Tubarão, Talita foi uma das primeiras vacinadas da cidade. Ela tomou a Coronavac quando estava em sua 34ª semana de gestação. À Folha, ela contou que a decisão pela imunização foi tomada em conjunto com seu obstetra, uma vez que, em fevereiro, ainda não havia um protocolo do Ministério da Saúde para a vacinação de gestantes.
Para tomar a decisão de se vacinar, a médica levou em consideração o fato de o bebê já estar praticamente formado e de o imunizante da Sinovac ser produzido com vírus inativado. Por conta disso, o risco ao feto, em tese, seria menor. “Não tive medo algum, pois, como médica, estava na linha de frente e a vacina traria muitos mais benefícios”, afirmou Talita.
De acordo com Daisson Trevisol, que é farmacêutico bioquímico, a transmissão de anticorpos de grávidas para bebês não é algo raro. Contudo, o resultado do testes de Enrico é animador para o cenário de imunização de gestantes, que começou há pouco tempo e precisou ser paralisada por problemas envolvendo a vacina da AstraZeneca.
“Foi bom ter essa resposta, dá uma esperança, uma perspectiva de que vamos ter um bom retorno da vacinação nas pessoas em geral. Pensando nas grávidas, deve haver um fortalecimento, já que uma vacina vai valer por duas”, declarou o secretário.