Saiba como foi o lançamento da missão da SpaceX
Na noite da quarta-feira (15), às 21h03 (horário de Brasília), a SpaceX lançou a tão esperada missão Inspiration4 e deu início a uma jornada ao espaço com duração planejada de três dias. Esta é a primeira missão composta totalmente por civis, sem nenhum astronauta profissional a bordo.
Embora civis já tenham visitado o espaço e circundado nosso planeta antes, por exemplo, a bordo do ônibus espacial da NASA, da espaçonave russa Soyuz, das estações espaciais ISS e Mir e dos recentes voos das empresas Virgin Galactic e Blue Origin em julho deste ano, esta é a primeira vez na história que apenas civis compõem uma viagem ao espaço.
A Inspiration4, cujo nome homenageia a própria equipe composta por quatro pessoas, nasceu da ideia de arrecadar fundos para o St. Jude Children’s Research Hospital, instituição de tratamento e pesquisa pediátrica de doenças como leucemia e outros tipos de câncer.
A tripulação, no momento já em órbita, é composta por: Jared Isaacman, 38 anos, fundador da empresa de serviços financeiros Shift4 Payments; Hayley Arceneaux, 29 anos, médica assistente no St. Jude’s Hospital, onde tratou um câncer na perna quando criança; Sian Proctor, 51 anos, professora de ciências; e Chris Sembroski, 42 anos, veterano da Força Aérea dos Estados Unidos.
A missão foi lançada do lendário Kennedy Space Center, em Cabo Canaveral, na Flórida, a bordo do foguete Falcon 9 da SpaceX. A tripulação está alocada na cápsula Crew Dragon, uma espaçonave altamente sofisticada e automatizada que realizou serviços para a NASA com missões tripuladas em direção a ISS. A cápsula, chamada Resilience, é o segundo nível da Dragon 1, antiga espaçonave da SpaceX, e conta com melhorias significativas em relação à sua predecessora: contém um sistema de propulsão mais avançado, é capaz de transportar até 7 passageiros e maior quantidade de carga, é equipada com uma série de sistemas de segurança e conta com um design interno digno de uma nave de ficção científica, repleta de sensores e telas sensíveis ao toque.
Diferente das missões prévias, dessa vez a Crew Dragon Resilience não visitará a Estação Espacial Internacional. Ao invés disso, fará um voo livre ao redor da Terra por aproximadamente três dias, em uma altitude que poderá chegar a até 575 quilômetros acima da superfície, limite muito superior à órbita da ISS, que mantém uma altitude média de aproximadamente 400 quilômetros.
A Crew Dragon voará, inclusive, ainda mais alto que a órbita atual do Telescópio Espacial Hubble de aproximadamente 547 quilômetros, altitude que os seres humanos não alcançam desde as missões de manutenção do telescópio durante as décadas de 90 e os primeiros anos dos anos 2000. Por conta dessas características, a Inspiration4 se assemelha um pouco às missões orbitais dos programas Mercury e Gemini da NASA na década de 60, que precederam às missões Apollo e levaram o homem à Lua entre 1969 e 1972.
A tripulação do Inspiration4 treinou extensivamente nos últimos seis meses, desde a seleção de março até o momento da decolagem, passando uma boa parte do tempo em processo de familiarização com o funcionamento do Crew Dragon e seus sistemas e se preparando para os vários estágios do voo espacial. Além disso, o comandante designado da missão, o bilionário Jared Isaacman, é um piloto qualificado e que possui experiência em voos de altas velocidades e com situações de potencial risco.
Por volta de 40 minutos antes do horário de lançamento, a SpaceX se encarregou de fazer os últimos ajustes para a propulsão e as verificações finais dos sistemas da espaçonave e do clima. Decidindo ser seguro para o lançamento da missão, o foguete foi lançado e realizou uma série de etapas para elevar a capsula à órbita, incluindo a separação do primeiro e do segundo estágio do foguete. Cerca de uma hora depois, a cápsula acionou seus propulsores e colocou a tripulação no curso que seguirão até que retornem à Terra no próximo sábado, próximo à costa da Flórida.
Ao longo desses três dias, a tripulação fará muito mais que apenas apreciar a vista privilegiada do nosso planeta: está previsto que realizem uma série de experimentos científicos, como, por exemplo, verificar as consequências de um voo espacial e da microgravidade no organismo e obter resultados para aprimorar a futura exploração humana do espaço.
O turismo espacial, que deve crescer cada vez mais nas próximas décadas, certamente será privilégio de indivíduos extremamente ricos por um bom tempo, mas a atividade comercial produzida neste ramo tem potencial de beneficiar o restante da humanidade com maior brevidade, através, por exemplo, do aprimoramento de tecnologias de comunicação e de transmissão de dados. Nesse sentido, a Inspiration4 consolida a SpaceX como uma empresa protagonista no palco do turismo espacial e vem, em adição aos voos anteriores da Blue Origin e da Virgin Galactic neste ano, auxiliar na construção de um futuro empolgante e dinâmico na órbita da Terra.