Operação da PF mira quadrilha que fabricava remédio para emagrecimento Mounjaro ilegalmente

Há mandados em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Principal alvo é um médico baiano que atende em SP e vende o produto e o tratamento para emagrecimento nas redes sociais.
A Polícia Federal (PF) realiza nesta quinta-feira (27) uma operação contra profissionais da saúde, clínicas e laboratórios que estavam produzindo remédios para emagrecimento ilegalmente.
Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão são cumpridos nos estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
A PF já apreendeu carros de luxo, como Ferrari, além de relógios caros e aviões em nome de laranjas do grupo criminoso.
Segundo os investigadores da chamada Operação Slim, os acusados manipulavam o princípio ativo do Mounjaro (Tirzepatida), remédio popular para emagrecimento no país, sem autorização ou pagamento de patente e descumprindo regras sanitárias.
A PF descobriu que os acusados têm burlado as regras de manipulação do princípio ativo e feito uma espécie de fabricação em larga escala — como se fosse a própria fabricante do Mounjaro usando laboratórios no esquema, sem controle sanitário e distribuição indiscriminada.
A investigação durou quase um ano e partiu de uma denúncia da fabricante que detém a patente.
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Operação da PF mira quadrilha que fabricava remédio para emagrecimento Mounjaro ilegalmente — Foto: Divulgação
Principal alvo
O principal alvo da operação é o médico baiano Gabriel Almeida, que atende em São Paulo e que vende o produto e o tratamento para emagrecimento nas redes sociais como se fosse uma atividade legalizada (entenda quem é o médico aqui).
O material era vendido sem controles mínimos de qualidade, elevando o risco ao consumidor. Foram encontrados indícios de produção em série em escala industrial, prática não permitida no âmbito da manipulação magistral autorizada pela legislação vigente.
Participam da operação agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das vigilâncias sanitárias dos estados onde os mandados estão sendo cumpridos.
O g1 tenta contato com a defesa do médico, mas ainda não teve sucesso.
O que diz Gabriel Almeida
Em nota, a defesa do médico Gabriel Almeida disse:
“O Dr. Gabriel Almeida é médico, escritor e palestrante. Ele não fabrica, não manipula e não rotula qualquer espécie de medicamento. A acusação de que ele seria responsável pela produção de fármacos é fática e tecnicamente impossível, visto que sua atuação profissional se restringe, exclusivamente, à medicina clínica e à docência.
A relação do Dr. Gabriel Almeida com a substância Tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro) é estritamente científica e acadêmica. Em suas redes sociais, cursos e palestras, o médico exerce sua liberdade de cátedra para analisar, à luz de estudos internacionais, a farmacocinética da substância. O médico não faz propaganda de produtos ilegais; ele promove o debate técnico sobre as diferenças, vantagens e desvantagens entre a medicação de referência e as possibilidades da medicina personalizada (manipulados), sempre pautado na literatura médica vigente. Confundir debate científico com comércio ilegal é um erro grave de interpretação.
Em momento algum a Polícia Federal ou o inquérito imputam a prática de “falsificação” ou “adulteração” de medicamentos a quem quer seja. O objeto da investigação não é a qualidade ou a eficácia da substância, mas sim uma discussão jurídica sobre quebra de patente e direitos de propriedade intelectual do princípio ativo. Ou seja, a investigação em nada se relaciona com a saúde pública, mas tão somente com direitos patrimoniais de um fabricante.
A manipulação da Tirzepatida está em conformidade com a Nota Técnica 200/2025/SEI/GIMED/GGFIS/DIRE4/ANVISA e com o art. 43, III, da Lei 9.279/96, atividade perfeitamente autorizada, legal e administrativamente.
O Dr. Gabriel atua como prescritor. Cabe ao médico diagnosticar e indicar o tratamento; cabe ao paciente a livre escolha de onde adquirir sua medicação, e aos órgãos de fiscalização o controle sobre os laboratórios. Tentar responsabilizar o médico prescritor por supostas irregularidades de terceiros (farmácias ou laboratórios) é uma violação da lógica jurídica e da responsabilidade individual.
O Dr. Gabriel Almeida recebe com surpresa as medidas cautelares, visto que sua conduta sempre foi pública e transparente. Ele possui endereço fixo, atividade lícita reconhecida e está à inteira disposição da Polícia Federal e da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários, certo de que, ao final das investigações, sua idoneidade e inocência serão cabalmente comprovadas.
Movido pela absoluta certeza de sua inocência e pelo desejo de contribuir com as investigações, o Dr. Gabriel Almeida está adotando postura de total colaboração, realizando a entrega voluntária de seus telefones celulares e computadores à Polícia Federal para perícia técnica.
A investigação se limitou a dar cumprimento a um mandado de busca e apreensão, sem qualquer tipo de restrição à liberdade do Dr. Gabriel Almeida.
A defesa lamenta o julgamento midiático antecipado, sem que tivesse sido oportunizado qualquer esclarecimento, e reitera que a medicina praticada pelo Dr. Gabriel Almeida sempre teve como foco absoluto a saúde e o bem-estar de seus pacientes.”
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Avião apreendido pela Polícia Federal (PF) durante a chamada ‘Operação Slim’, nesta quinta-feira (27). — Foto: Reprodução/GloboNews
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Relógios apreendidos pela Operação Slim, da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (27). — Foto: Reprodução/GloboNews
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Funcionários da Anvisa e da Vigilância Sanitária da Bahia participam da Operação Slim, da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (27). — Foto: Reprodução/GloboNews
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Viatura da Polícia Federal — Foto: Polícia Federal
