TIM cancela patrocínio de R$ 4 milhões ao Flamengo após vice acusar Landim

Bernardinho e Rodolfo Landim celebraram acordo de fusão de times de vôlei em julho deste ano - Marcelo Cortes / Flamengo
Bernardinho e Rodolfo Landim celebraram acordo de fusão de times de vôlei em julho deste ano Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo

A TIM cancelou um patrocínio de R$ 4 milhões ao Flamengo no mesmo dia em que o Olhar Olímpico publicou que o destino desse dinheiro havia causado a renúncia de Delano Franco do cargo de vice-presidente do clube rubro-negro. O dirigente acusa o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, de não cumprir com seu compromisso verbal de repassar esse recurso, do projeto Fla-Vôlei, ao time de vôlei Sesc-RJ/Flamengo, que disputa a Superliga Feminina e tem a marca da TIM no seu uniforme, dentro do número nas costas da camisa.

A empresa de telefonia, que não comenta o assunto, há anos tem sua marca nos uniformes dos grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que patrocina, com recursos de renúncia fiscal da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, times amadores desses mesmos clubes. Esse dinheiro foi fundamental para a manutenção, por anos, do basquete do Botafogo e do Vasco, e do time feminino de vôlei do Fluminense. No Flamengo, o dinheiro historicamente vai para o basquete — este ano, a TIM doou R$ 2 milhões.

Ao chegar à Superliga, na temporada passada o o Flamengo conseguiu que a TIM aportasse R$ 4 milhões também no seu time de vôlei feminino. E pretendia que o patrocínio se repetisse, tendo apresentado o projeto Fla-Vôlei 20-21 à Lei de Incentivo no início de março. Mas aí veio a pandemia, a crise financeira e a fusão dos times do Flamengo e do Sesc-RJ.

Pelo acordo entre Fla e Bernardinho, o Rio de Janeiro Vôlei Clube seguiria sendo o clube federado, mas com a equipe jogando na Gávea, sede do Flamengo, e usando o uniforme do clube rubro-negro. Já sabendo desse acordo, o CRO da TIM, Alberto Mario Griselli, confirmou em julho ao governo que sua empresa doaria os R$ 4 milhões necessários ao projeto.

E o que aconteceu a partir daí é o que vem gerando forte atritos entre Bernardinho e o Flamengo. O treinador, que também não comenta o assunto publicamente, reclama que havia um compromisso verbal de que esse dinheiro, quando chegasse ao Fla, seria utilizado para pagar contas do time. E esses R$ 4 milhões seriam fundamentais para o projeto, representando cerca de 40% do orçamento. Não é à toa que o acordo entre Bernardinho e Fla foi anunciado dois dias depois da carta do CRO da TIM.

Delano Franco, vice-presidente que intermediou o acordo, dá razão a Bernardinho. Tanto que, em sua carta de renúncia, escreveu que “a presidência do clube não recordou/reconheceu aspectos de uma negociação efetuada pelo diretor-executivo da área, por mim e pelo presidente junto a um parceiro importante dos esportes olímpicos, amparada pelo orçamento aprovado, ferindo significativamente os termos do acordo”. Ele se referia a esses R$ 4 milhões da TIM.

Landim, porém, nega que o Flamengo tenha assumido esse compromisso. “O Flamengo está cumprindo rigorosamente o contrato feito com o técnico”, disse a diretoria, em nota, afirmando que “paga religiosamente o valor acordado à empresa do Bernardinho, fornece material esportivo e espaço para treinamento na Gávea e cede sua imagem para a empresa o que aumenta bastante o poder de atração para outros patrocínios serem fechados pela empresa do técnico”.

Equipe do Flamengo de vôlei tem patrocínio da TIM - Paula Reis/Flamengo - Paula Reis/Flamengo
Imagem: Paula Reis/Flamengo

A nota incomodou ainda mais Bernardinho. Ele afirma não haver contrato com nenhuma “empresa” dele, e sim com um clube, o Rio de Janeiro Vôlei Clube, do qual ele é técnico. Além disso, o valor pago pelo Flamengo seria irrisório para o projeto. O time tampouco treina na Gávea. Seu clube emitiu nota dizendo que continuará “a cumprir nossas obrigações sejam elas objeto de instrumentos contratuais ou de acordos verbais”, numa indireta a Landim.

O problema é que o Flamengo também não teria como usar os R$ 4 milhões que a TIM se comprometeu a doar a partir de publicação no diário oficial de 23 de outubro. É que o projeto aprovado na Lei de Incentivo ao Esporte prevê principalmente o pagamento de salários de atletas e comissão técnica (R$ 3,1 milhões, no total), passagens aéreas e hospedagem para jogos fora de casa na Superliga, e locação de apartamento para atletas estrangeiras. Só que o Flamengo, hoje, não tem um time de vôlei feminino profissional, nem joga a Superliga.

Foi em meio a essa briga que a TIM enviou carta à Secretaria de Esporte, no dia 19 de novembro, anunciando que “a empresa TIM desistiu de apoiar financeiramente, com o valor R$ 4 milhões, o projeto Fla Vôlei 2020/2021, apresentado pelo Clube de Regatas do Flamengo. O motivo da desistência foi ocasionado por uma mudança de estratégia dos Esportes Olímpicos do Flamengo para o biênio 21/22”, explicou Alberto Mario Griselli. A carta não é datada.

O Flamengo foi procurado para comentar a reportagem, mas não respondeu até esta publicação.

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