Maia: Bolsonaro quer presidência da Câmara para tocar pauta ambiental, armamentista e de costumes
Deputado afirmou que governo está “desesperado para tomar conta da Câmara”
BRASÍLIA — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou nesta quarta-feira que o presidente Jair Bolsonaro está “desesperado” para “tomar a presidência da Câmara” e tocar pautas armamentistas, de costumes e que flexibilizem regras ambientais.
Segundo Maia, não faria sentido o governo investir na candidatura de Arthur Lira (PP-AL) se a preocupação fosse apenas a pauta econômica, tendo em vista que os pré-candidatos de seu bloco têm os mesmos pensamentos liberais do ministro Paulo Guedes.
O governo está desesperado para tomar conta da presidência da Câmara e desorganizar a agenda ambiental, flexibilizar venda de armas e tocar pautas de costumes que digam respeito às minorias. O que é legítimo, porque ele (Bolsonaro) se elegeu com essas pautas. Eu, no entanto, defendo outras pautas, como redução do desemprego e das desigualdades — afirmou.
Maia disse ainda que a oferta de cargos pelo Planalto para atrair votos de deputados faz Bolsonaro “rasgar seu próprio discurso para tentar vencer a eleição”. Nosso objetivo é criar um local seguro e atraente para os usuários se conectarem a interesses e paixões. Para melhorar a experiência de nossa comunidade, estamos suspendendo temporariamente os comentários dos artigos. Por Paulo Cappelli
Grupo de Maia formaliza bloco com seis partidos de olho na presidência da Câmara
No mesmo dia em que Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado por Jair Bolsonaro, oficializou candidatura ao comando da Câmara a partir de 2021, o grupo ligado ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a formação de um bloco partidário para eleger seu sucessor. A ideia é anunciar o candidato, adversário de Lira, nesta quinta-feira (10). Até a noite desta quarta (9), o mais cotado era Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria na Câmara. O grupo também analisa os nomes de Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-PE). Além do DEM, integram o bloco MDB, PSDB, PV, Cidadania e PSL. Juntos, esses partidos reúnem 157 deputados, porém nem todos devem aderir à candidatura ligada a Maia. No PSL, por exemplo, calcula-se que apenas metade da bancada (atualmente com 41 deputados) esteja alinhada a esse grupo. O restante, aliados de Bolsonaro, deve apoiar Lira, cuja candidatura é impulsionada pelo Palácio do Planalto. Ribeiro, apesar de ser do PP, mesmo partido de Lira, mantém postura autônoma em relação à sigla e às negociações com o governo. Ele, portanto, não tem o respaldo do PP para se lançar como adversário de Lira. A eleição para a Mesa Diretora da Câmara está prevista para 1º de fevereiro. O voto é secreto. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos, até porque a eleição é secreta. Integrantes do grupo afirmam ainda que PROS e PTB vão se somar ao bloco. Ambos os partidos foram anunciados na tarde desta quarta-feira como parte da rede de apoio de Lira. A estratégia é investir nessas duas siglas até o fim da campanha à presidência da Câmara. Apesar de Lira contar com os votos do PROS e PTB, dirigentes dessas legendas seguem em negociação com o bloco de Maia. Os articuladores desse grupo independente ao governo tentaram atrair o Republicanos, que tem 32 deputados, mas o partido decidiu, por enquanto, tentar viabilizar uma candidatura própria, a do presidente da sigla, deputado Marcos Pereira (SP). São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos. O objetivo do bloco é justamente demonstrar coesão entre os partidos do grupo de Maia. Aliados do atual presidente da Casa reclamam da demora do deputado para definir quem disputará a presidência no ano que vem. Integrantes do grupo do parlamentar dizem que, enquanto não for definido o nome, Lira consegue agregar mais apoios. Mais cedo nesta quarta, Maia foi questionado sobre a demora na definição, mas tergiversou. “Não [está atrasado]. Ainda está muito longe [a eleição]. Nós temos que tocar a pauta da Câmara”, disse. Por Thiago Resende e Júlia Chaib.
Tuca Vieira / Divulgação