Butantan deve divulgar hoje mais dados de eficácia da Coronavac

O Instituto Butantan divulgou uma eficácia de 78% da Coronavac para casos leves e ausência de casos graves entre os vacinados, mas falta a eficácia geral

O Instituto Butantan deve divulgar nesta terça-feira, 12, mais dados de eficácia da Coronavac, vacina testada no Brasil com a chinesa Sinovac.  

Vacina da Sinovac. (Nicolas Bock/Bloomberg)

De um grupo hipotético de 100 vacinados, 22 tiveram casos leves. E nenhum vacinado foi hospitalizado, foi parar na UTI ou precisou de respirador. Mas faltou divulgar a eficácia geral dos testes, o que deve ser anunciado hoje, segundo informou o governo paulista à imprensa.

Com base em números revelados até então, pesquisadores já estimavam que a eficácia da Coronavac teria ficado na casa dos 60%. O site UOL também afirmou nesta segunda-feira que a eficácia nos testes no Brasil ficou abaixo de 60% e acima de 50%.

O patamar de 50% é o mínimo exigido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Anvisa para aprovação de uma vacina.

Na última sexta-feira, 9 a Coronavac teve pedido de registro emergencial feito na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 
A Anvisa, pediu mais dados sobre a Coronavac. Os dados pedidos, segundo divulgados pela Anvisa à imprensa, dizem respeito a faixa etária e outras características demográficas dos voluntários testados, mais números sobre os testes e registro dos eventuais desvios de protocolo.  Essa Solicitação não coloca em risco a aprovação da vacina.

A Indonésia divulgou seus resultados de eficácia dos testes da Coronavac no país, de 65,3%. Antes, a Turquia já havia divulgado eficácia de 91%. A agência reguladora da Indonésia também aprovou a Coronavac para uso emergencial.

O governo federal comprou 46 milhões de doses da Coronavac, com parte do montante produzido no Butantan e parte importado, e distribuirá o imunizante a todos os estados de acordo com os grupos prioritários e população de cada lugar.

A outra vacina no Brasil mais próxima da aprovação é de AstraZeneca e Universidade de Oxford, testada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também teve o pedido de registro junto à Anvisa feito na última sexta-feira. Para essa vacina, a AstraZeneca divulgou eficácia entre 62% e 90%, mas também não tornou pública a eficácia geral, que deve ficar mais perto do patamar menor.

As primeiras doses dessa vacina, cerca de 2 milhões, virão importadas do indiano Instituto Serum, o maior fabricante de vacinas do mundo e parceiro da AstraZeneca para fabricar vacinas a países em desenvolvimento. Em seguida, as doses também serão produzidas pela Fiocruz.

O governo federal estimou começar a vacinar em 20 de janeiro, em um cenário classificado como otimista, ou no começo de fevereiro. Mas ainda não definiu um dia preciso. Ontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, virou motivo de questionamentos nas redes sociais ao afirmar que o Brasil começaria a vacinar “no dia D, na hora H”.

A Anvisa pediu prazo de até 10 dias desde o pedido de registro emergencial para analisar e eventualmente aprovar os imunizantes. 

Assim, se a Coronavac for aprovada pela Anvisa nos próximos dias para uso emergencial, o imunizante é por ora o mais próximo de estar disponível ainda em janeiro — embora a data de 20 de janeiro, em menos de 10 dias, passe a ficar cada vez menos possível.

A importação do Serum da vacina de Oxford, além da aprovação de ambas as vacinas pela Anvisa, definirão se o Brasil conseguirá começar a vacinar a população ainda em janeiro.

O estado de São Paulo diz que mantém o início de sua vacinação para 25 de janeiro, com sua fatia que lhe cabe da Coronavac no Plano Nacional de Imunização, ainda que o governo federal não inicie a imunização nacionalmente neste dia, segundo informou o governo paulista na semana passada. 

Dados de eficácia

Na prática, ter vacinas com eficácia menor, na casa dos 60%, como se desenha para a Coronavac e a vacina de Oxford, indicam que o Brasil terá de vacinar uma fatia maior da população para alcançar maior eficiência na imunização, possivelmente mais de 70%.

Como os vacinados não deixam de transmitir o vírus (segundo o que se sabe até agora), uma vacina será mais eficiente quanto maior o número de imunizados

Uma esperança é que a vacina também ajude a tornar a doença mais fraca, evitando mortes e a superlotação de UTIs, sobretudo em meio à população de maior risco. É algo que já acontece com a vacina da gripe, aplicada em idosos e que tem eficácia menor, entre 40% e 70%. 

Após os números em cada país, a Sinovac precisará ainda divulgar em breve a eficácia somada dos testes em todos os países onde a Coronavac foi testada na fase 3, para que se saiba a eficácia geral nos testes globais.

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