Infectologistas dizem que tratamento precoce para covid não existe
Após diversas pessoas morrerem em Manaus por falta de oxigênio nos hospitais, o Presidente Jair Bolsonaro falou em sua live semanal que a tragédia na cidade se devia a falta de tratamento precoce da COVID-19. Nesta Sexta o Presidente indicou novamente o uso de antimalárico, que não tem eficácia comprovada cientificamente. A sociedade Brasileira de infectologia se pronunciou contra a recomendação de qualquer substância pela ineficácia desses medicamentos e pela possibilidade de causarem efeitos colaterais.
A SBI não recomenda tratamento precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina,hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício, e além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais.
Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVID-19.
Essa orientação da SBI ( sociedade Brasileira de infectologia ) está alinhada com as recomendações das seguintes sociedades médicas científicas e outros organismos sanitários nacionais e internacionais, como: Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e da Europa (ESCMID), Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH).
Centros Norte-Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA).
Texto presente no documento ATUALIZAÇÕES E RECOMENDAÇÕES SOBRE A COVID-19
Elaborado em 09/12/2020. Disponível no site e nas redes sociais.
vejam o que diz especialistas;
Infectologista critica uso do SUS para disseminação de drogas ineficazes
Professor titular de Infectologia da UFRJ, o professor Mauro Schechter afirma que a ineficácia desses medicamentos já foi comprovada e critica as orientações do Ministério da Saúde. Já
“A cloroquina é uma droga cuja ineficácia está plenamente comprovada. É por isso que nas guias e diretrizes de tratamento tanto da Sociedade Americana de Infectologia quanto dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA ela figura com a recomendação de não usar, na classificação A1, a mais forte possível. Ou seja, já foram feitos todos os estudos necessários para mostrar que a cloroquina não funciona. E isso não mudará, porque não há nenhum outro estudo em andamento. No caso da cloroquina, não é que faltam evidências da eficácia, a ineficácia já está comprovada”, disse.
Schechter critica ainda o fato de o ministério orientar a prescrição dessas drogas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“No caso específico desse documento, ele tem vários problemas. Ele diz que é cientificamente comprovado, o que não é. Pelo contrário. Tanto a cloroquina quanto a azitromicina são formalmente contraindicadas. E mais um absurdo: O SUS só pode distribuir drogas cujas indicações estejam de acordo com o que a Anvisa aprovou. Eles querem que o SUS use com nosso dinheiro drogas para indicações que a Anvisa não aprovou, que não constam em bula”, explicou.