Zambelli começa a abandonar Bolsonaro e diz que ele deveria ter pedido fim dos acampamentos nos quartéis
Refugiado nos Estados Unidos há praticamente dois meses, com medo de ser preso no Brasil, Jair Bolsonaro já começa a ser abandonado por seus mais fiéis aliados, como é o caso da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Numa entrevista à jornalista Carolina Linhares, da Folha de S. Paulo, ela reconheceu a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. “Já está superada a questão das urnas por nós parlamentares. Se ainda tem algo a ser feito, talvez seja voltar a falar sobre voto impresso”, afirmou, embora tenha defendido seu impeachment.
Num dos pontos, ela deixou de defender o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes. “Bolsonaro não ganhando, a gente tem que virar a chave. Qualquer impeachment no STF, o substituto vai ser indicado por Lula. Pode entrar uma pessoa que faça as maldades do Alexandre de Moraes parecerem uma criança chupando picolé”, afirmou a deputada, que admitiu a possibilidade de ser presa. “Várias vezes fui dormir pensando que ia ter que acordar às 6h com a Polícia Federal na minha porta”, apontou. Na entrevista, ela também reconheceu o erro ao apontar sua arma para um jornalista negro nas ruas de São Paulo. “Fiz um mea-culpa em relação a ter sacado a arma. Errei politicamente, deveria ter evitado aquele início de briga”, afirmou.
No ponto mais importante da entrevista, ela fez uma crítica direta a Jair Bolsonaro. “Na live que Bolsonaro fez em 30 de dezembro, ele tinha que ter deixado claro o que pensava. Ele seria um remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem dos quartéis”, afirmou. “Agora não é hora de bater no STF, não é hora de fazer manifestação”, pontuou.
Zambelli também criticou a ausência de Bolsonaro. “Passar um tempo fora para pensar no que vai fazer é legítimo. Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força”, afirmou, antes de dizer que ele corre o risco de ser preso no Brasil.
Zambelli também defendeu novas candidaturas no campo da direita radical. “Ele pode ser candidato, mas a gente tem que preparar uma nova alternativa. A direita tem que ter quatro, cinco alternativas. Tem que ter Bolsonaro, Michelle, os filhos do Bolsonaro, Tarcísio e outros”, afirmou.
POR BRASIL 247