Lula diz que governo ‘tem que agir’ contra alta do dólar e volta a criticar BC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (2) que o Banco Central é uma instituição de estado e não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele também voltou a dizer que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tem viés ideológico.
“A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que seu presidente não fique vulnerável às pressões políticas. Se você é democrata, permite que isso aconteça. Quando é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere da instituição”, afirmou Lula em entrevista à rádio Sociedade da Bahia.
“O Banco Central é uma instituição do estado, não pode estar a serviço do sistema financeiro, do mercado”, disse o presidente.
Lula voltou a afirmar que há uma especulação dos operadores financeiros a favor do dólar e contra o real e que o governo tem que “fazer algo sobre isso”.
“Óbvio que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Na quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo”, disse o presidente. Questionado sobre que medidas o governo faria nesse caso, ele evitou detalhar com a justificativa de que estaria “alertando” os seus adversários.
O presidente também repetiu ataques a Campos Neto, que chegou à presidência do BC indicado por seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não dá para ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político, definitivamente eu acho que ele tem viés político. Eu não posso fazer nada, tenho que esperar ele terminar o mandato”, afirmou Lula.
O presidente tem repetido suas críticas ao BC e ao presidente da entidade em suas viagens pelo país. Desde que questionou em entrevista ao UOL, na semana passa, a necessidade de cortar gastos, o dólar engatou uma sequência de alta, e fechou na segunda (2) a R$ 5,65, no maior patamar desde janeiro de 2022.
Nesta terça, o presidente disse que não cortará benefícios direcionados aos mais pobres para fazer ajuste fiscal, mas abriu a porta para corte de gastos.
“Falei com o Haddad que se alguém tiver gastando alguma coisa que não seja necessário, a gente para. Porque não vou jogar dinheiro fora”, afirmou na entrevista à rádio local.