Não tenho medo de cara feia’, diz ministro da Previdência sobre reação dos bancos à redução de juros do consignado para aposentados do INSS
A decisão, publicada na quarta-feira (15) no Diário Oficial, levou os bancos a anunciarem na quinta (16) a suspensão de novos consignados para os aposentados.
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, afirmou não ter medo de “cara feia” nem de “assumir a conta” das reações dos bancos à decisão do Conselho Nacional de Previdência Social de diminuir a taxa de juros do consignado do INSS. A decisão, tomada na segunda-feira (13) e publicada na quarta (15) no Diário Oficial, levou os bancos a anunciarem hoje a suspensão de novos consignados para os aposentados.
Lupi também afirmou que expôs a proposta de diminuição da taxa em reunião entre os ministros, na presença do presidente Lula nesta semana. Ao saber da proposta de Lupi ao conselho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ligou para ele, para evitar que fosse feita a alteração nos juros. O temor da pasta era justamente o da restrição do acesso ao crédito por causa da medida.
Lupi afirmou que sua proposta está amparada na disparidade dos juros cobrados pelos bancos quando o consignado é para servidores e quando é para aposentados. Ele embasou o raciocínio em dados do Banco Central que, segundo ele, mostram uma diferença de mais de 0,5 ponto percentual entre as taxas cobradas. “Por que cobram 1,61% [de juros] dos consignados dos funcionários públicos e cobravam 2,14% do previdenciário? Um dá lucro, outro não?”, questionou.
“Assumo a conta com prazer. Estou defendendo o lado mais frágil da sociedade”, disse ele ao blog. “Eu mato no peito. Não tenho medo de cara feia”, completou. Lupi disse que os bancos não explicaram as diferenças nas taxas. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) soltou uma nota dizendo que “iniciativas como essas geram distorções relevantes nos preços de produtos financeiros, produzindo efeitos contrários ao que se deseja”.
De acordo com fontes ouvidas pelo blog, entre os pontos para a diferença da taxa estaria a idade dos tomadores de empréstimo. Ao ser questionado sobre esse ponto, Lupi contra-argumentou: “E servidor público não morre? Um morre e o outro não? Eu sou servidor público, queria ser imortal então.”
O Conselho Nacional de Previdência é formado por 15 integrantes. Três dos sindicatos de empregados, três dos aposentados, três dos sindicatos patronais e seis do governo. Lupi preside o conselho. Só os representantes dos empregadores é que votaram contra.
Por Julia Duailibi e Ana Flor